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Card. Bertone-Cuba: o Pastor "abençoa" o Lobo


From: Embaixador Armando Valladares
Subject: Card. Bertone-Cuba: o Pastor "abençoa" o Lobo
Date: Thu, 03 Nov 2005 01:12:01 -0500

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Cardeal Bertone-Cuba: o Pastor "abençoa" o Lobo

* Enigmática continuidade da política de mão estendida do Vaticano e de altas figuras eclesiásticas para com o tirano do Caribe, durante mais de três décadas, que remonta à época em que monsenhor Agostino Casaroli, então secretário do Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja, afirmou em visita a Cuba que os católicos da ilha eram felizes

* É sem dúvida doloroso, particularmente para os fiéis católicos cubanos, ver um Pastor ir ao encontro do Lobo, e posteriormente elogiá-lo quase como se fosse um inocente Cordeiro

O Embaixador Armando F. Valladares, ex-preso político cubano durante 22 anos, foi embaixador norte-americano ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, Genebra, durante os governos Reagan e Bush. É autor do livro-testemunho "Contra toda esperança", onde narra sua vida nos cárceres castristas.

1. O Cardeal Tarcisio Bertone, arcebispo de Gênova, visitou a ilha-cárcere de Cuba de 3 a 10 de outubro pp., durante a qual teve uma entrevista de duas horas com o ditador comunista Fidel Castro, a quem transmitiu uma saudação "especial" de S. S. Bento XVI. (...)

2. Agências e periódicos internacionais atribuíram ao cardeal de Gênova afirmações nas quais elogia o sanguinário ditador, algo incompreensível se se considera a ideologia comunista deste, que foi qualificada de "intrinsecamente perversa" por tradicionais documentos de Pontífices do século XX, à qual não renunciou e da qual continua fazendo alarde. (...)

O cardeal disse que "a Igreja em Cuba é vista com respeito pelo governo" e que "o mesmo Castro manifestou grande apreço pela Igreja"; expressou sua convicção de que no ditador "cresceu o respeito pela religião"; e afirmou, contra todas as evidências, que na ilha-cárcere "a abertura já é total".

Os comentários elogiosos do cardeal Bertoni ao ditador não terminaram aí. Destacou o que lhe pareceu interpretar como "notável lucidez" do tirano quando analisou a "crise energética" internacional; elogiou sua "insistência" sobre o "dever" de "cultivar a civilização da solidariedade"; da "necessidade de ajudar os pobres e deserdados" e de "promover o desenvolvimento humano", acrescentando que nesse sentido o tirano "não deixou de dar o bom exemplo", "enviando ajuda" a diversos países e que os anteriores são "temas que estão muito dentro do coração de Castro". (...)

3. Castro, por sua parte, segundo a versão cardinalícia, depois de tecer loas ao falecido João Paulo II, teria enaltecido seu sucessor, Bento XVI, afirmando que ele "tem o rosto de um anjo bom" e acrescentando: "Digo e confirmo, porque sou um especialista em fisionomias". Castro, além disso, teria recebido "em silêncio", ao que parece com ar humilde, a "bênção" do cardeal que, impressionado com o que seriam as disposições mais íntimas do ditador, exclamou: "Creio que em Castro há um espaço crescente para escutar Deus..." (...)

4. (...) Provavelmente, para não empanar esse clima de "diálogo" com a tirania castrista, o arcebispo de Gênova "eximiu-se de opinar sobre a situação relativa aos direitos humanos", minimizando este gravíssimo tema, com ar de naturalidade, expressando que "todos os países têm seus problemas". Essas declarações foram destacadas, com satisfação, pelo jornal Granma, órgão do Partido Comunista de Cuba. Não consta que em sua visita de uma semana a Cuba o cardeal tenha aberto sua agenda para fazer contato com membros da sociedade civil, vários deles, leigos católicos, como a economista Martha Beatriz Roque e as Damas de Branco, que diariamente arriscam suas vidas para conseguir, pacificamente, a liberdade em Cuba.

5. Não se sabe se por um lapso ou por outra razão, o cardeal Bertone revelou algo que contradiz as supostas boas disposições do ditador: este lhe confidenciou que continua sendo "fiel" às suas idéias de sempre... Ou seja, ao comunismo enquanto nefasta ideologia, e à sua estratégia de fazer apóstatas e não mártires no rebanho católico, estratégia que delineou em discurso na Universidade de Havana na década de 1960 e que vem aplicando até hoje: "Não cairemos no erro histórico de semear o caminho de mártires cristãos, pois bem sabemos que foi precisamente o martírio o que deu força à Igreja. Nós faremos apóstatas, milhares de apóstatas...".

Uma semana depois da visita do cardeal a Cuba, o bispo de Holguín, no oriente da ilha, viu-se na necessidade de denunciar dramaticamente que "as agressões a católicos" de sua diocese "persistem e aumentam em sua violência" (agência católica Zenit, 17.10.2005), algo que desmente a ilusão de "abertura total" que o cardeal Arcebispo de Gênova acreditou ver na outrora Pérola das Antilhas.

6. Tudo o que foi dito anteriormente é sem dúvida doloroso, particularmente para os fiéis católicos cubanos, que vêem um Pastor ir ao encontro do Lobo, e posteriormente elogiá-lo quase como se fosse um inocente Cordeiro.

Não obstante, lamentavelmente, não são novidade nem os elogios rasgados de um cardeal a Castro, nem as cínicas alegações de respeito e admiração do tirano pela Igreja. Por exemplo, foi isto que se ouviu da boca do ditador, antes e depois de seu encontro com João Paulo II, em Roma, em novembro de 1996, e da visita do Pontífice a Cuba, em janeiro de 1998.

Por isso, me atrevo a dizer que o dito anteriormente não é o mais grave.

7. Na realidade, o mais grave é a enigmática continuidade da política de mão estendida do Vaticano e de altas figuras eclesiásticas de diversos países para com o tirano do Caribe, durante mais de três décadas, que remonta à época em que monsenhor Agostino Casarolli, então secretário do Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja, afirmou em visita a Cuba que os católicos da ilha eram felizes; que passa por tantos lamentáveis episódios protagonizados por altos eclesiásticos de diversos países, que tive ocasião de abordar em artigos anteriores; e que chega até João Paulo II, quando em 8 de janeiro pp., ao receber as cartas credenciais do novo embaixador de Cuba ante a Santa Sé, fez um reconhecimento a diversos aspectos da revolução comunista que colocou os católicos cubanos em uma encruzilhada espiritual sem precedentes (cfr., entre outros artigos, que incluem abundante documentação, "João Paulo II, Cuba e um dilema de consciência", 15.01.2005; "O drama cubano e o silêncio vaticano", 25.04.2003; "Cardeal Sodano e Fidel Castro: o Pastor sai em auxílio do lobo", 11.05.2003; "O pedido de perdão que não houve: a colaboração eclesiástica com o comunismo", 22.03.2000; "ONU: representante vaticano favorece a ditadura castrista", 26.10.2000; "Sim, o regime comunista perseguiu e persegue os católicos cubanos", 09.08.1998 (em vésperas da viagem de João Paulo II a Cuba); "Com o comunismo cubano, um 'diálogo franco' impossível", 04.03.1998; "Fraudulenta 'política religiosa' do ditador Castro", 16.11.1996, dia da chegada do ditador Castro a Roma, publicados no Diario Las Américas", de Miami, nas datas indicadas).

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8. É difícil, para não dizer impossível, supor que o cardeal Bertone tenha viajado a Cuba sem o conhecimento da Secretaria de Estado do Vaticano, e inclusive do próprio S. S. Bento XVI, a julgar pelas informações de imprensa, não desmentidas até o momento, de que o arcebispo de Gênova foi portador de uma saudação "especial" do Pontífice ao ditador. (...)

9. Muito embora, enquanto católico e enquanto ex-preso político cubano, que passou 22 anos preso nas masmorras castristas e viu sua fé fortalecida ao ouvir os gritos dos jovens católicos que morriam no "paredon" gritando: "Viva Cristo Rei! Abaixo o comunismo!", quantas perplexidades, angústias e dramas interiores cria nas consciências dos cubanos essa atitude diplomática da Santa Sé e de altos prelados de diversos países em relação a Cuba comunista. Uma situação das mais dolorosas que podem existir, porque dizem respeito a seus vínculos com a Santa Sé e com a Igreja. Não obstante, como já tive ocasião de manifestar, a fé dos católicos deve ficar intacta e até fortalecida ante este dilema, porque em matérias diplomáticas e políticas nem sequer os Papas estão assistidos pela infalibilidade. Por isso, os fiéis católicos, ao lado de reafirmar sua incondicional obediência à Igreja e ao Papado nos termos estabelecidos pelo direito canônico e manifestando toda a veneração devida à Cátedra de Pedro, têm o direito e até o dever de resistir a aceitar determinadas orientações diplomáticas, na medida em que estas discordem da linha tradicionalmente adotada pela Igreja em relação ao comunismo. (...)

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* Para receber gratuitamente, por e-mail, a documentação cotejada por Valladares (Granma Internacional, La Habana, 12-oct.-2005; Avvenire, Roma, 12 y 13-oct.-2005; La Stampa, Turin, 13-oct.-2005; Associated Press, AFP y Ansa, 13-oct.-2005; agencia Zenit, Roma, 14-oct.-2005), por favor, faça clic em:

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Tradução: Graça Salgueiro


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